quarta-feira, 22 de julho de 2009

Browsers x Searchers

Entre os diversos tipos de comportamento de navegação na internet encontram-se os Browsers e os Searchers.
Encaro estes dois tipos como macro categorias uma vez que esta definição é muito ampla e abrangente.
Antes de falar sobre estes dois tipos talvez eu deva explicar um pouco melhor o porque estou me referindo especificamente à eles.
Recentemente participei de um projeto para um portal de informações e notícias na internet e pude observar nas 12 entrevistas a diferença entre ser um browser ou um searcher.

Ouvi estes termos recentemente na semana de usabilidade em San Francisco e já havia ouvido várias definições de comportamento mas sempre muito específicos como, inseguro, confiante, desconfiado e outros. Em sua maioria sempre se referindo ao comportamento apresentado pelo usuário em uma entrevista de usabilidade onde todos os fatores externos influenciam no comportamento.
Antes de mais nada, devemos entender que todos nós somos browsers ou searchers, tudo depende da ocasião e do momento.
Se você após acordar senta em frente ao computador e alí, logo de cara, abre aquela página do seu portal de notícias preferido e você começa a navegar pelas notícias aleatoriamente sendo levado pelas informações que vão surgindo em cada página, então você neste momento é um Browser.
O Browser é o cara que não tem pretensões, não está buscando uma informação específica, quer apenas saber o que está acontecendo e que a web traga algo de interessante até ele. Não quer ter que pensar em um assunto para procurar. É aquele cara que pode transitar de uma notícia sobre esportes para outra de cotidiano e em seguida ler alguma fofoca que tenha chamado sua atenção atenção, ou seja, nada em específico.
Enquanto estiver interessante ele pode pular de página em página sem se preocupar com um objetivo ou meta final.

Porém, se ao acordar e sentar em frente ao computador você mau olha a página inicial do seu portal de notícias e clica logo em sua categoria preferida ou digita algo na busca, bingo! Então você é um searcher.
Para os searchers, diferente dos browsers, o objetivo é tudo. A velocidade e facilidade em localizar uma informação é o ponto vital para sua navegação em um website.

Entendido o principal sobre estes comportamentos podemos entrar no cerne da questão.

Ao construir um website, ao realizar um teste em profundidade ou mesmo construir modelos de persona, esta é uma pergunta que deve ser respondida.
Para quem estou construindo o meu conteúdo? Para browsers ou para searchers?
Bom, como eu disse anteriormente todos nós somos um ou outro dependendo da ocasião, mas alguns websites tem forte inclinação para um modelo ou para outro.

Se você possui uma loja virtual para venda de diversos produtos, na essência o seu site é para searchers.
Se o seu site é um comparador de preços como o buscapé, então o seu site é para searchers.
Não é um comportamente comum ficar navegando de link em link dentro de um site de comparador de preços tentando achar algo interessante para comprar. Assim como o acesso a lojas virtuais também tem um objetivo. Claro que podemos aproveitar o tema pesquisado e fazer o cross-content, oferecendo produtos semelhantes que podem ser do interesse do usuário. Mas mesmo assim na essência é um site para buscas e que por "experiência da equipe envolvida no desenvolvimento" aproveita para oferecer conteúdos que possam ser do interesse deste usuário.
Para os searchers é muito importante acesso fácil e rápido a categorias de menu, sistema de busca, enfatizando aqui que um bom sistema de busca viva (aquele que você começa a digitar e ele completa a palavra) pode ajudar e muito a vida dos searchers.

Agora, se você tem um portal de noticias de última hora, ou de informações gerais, então ele está muito mais próximo do universo dos browsers, pois estes querem que as notícias que eles escolheram, apresente mais algum tema de seu interesse e assim possam absorver tudo o que está acontecendo sem ter que pensar: O que quero ver agora?
Para eles o cruzamento de conteúdos é a artéria principal do site, pois é por ali que eles irão buscar os assuntos de interesse.

O interessante de se pensar desta maneira é que facilita o entendimento sobre um projeto de arquitetura de informação, pois se o modelo de negócio é totalmente voltado para searchers como é o caso de um site comparador de preços ou de um sistema de busca, toda a arquitetura deverá comportar este modelo de pensamento de forma prioritária, mas claro, sem deixar de lado os browser.
Caso contrário, se o modelo de negócio é legitimamente voltado para browser, então a arquitetura e cruzamento de conteúdos estará voltada com mais força para este tipo de comportamento, criando áreas claras e visíveis de cruzamento de conteúdos.

É claro que existem os sites híbridos, como é o caso de sites de música por exemplo. Para estes sites existe os dois públicos, aqueles que sabem o que estão indo ouvir e aqueles que esperam que ao entrar no site apareça algo que lhes chame a atenção. Neste caso deve haver um bom equilíbrio para atender ambas as expectativas.

Assim como existem sites em que, ambos os comportamentos não se aplicam. Como é o caso de um canal de conveniência como o internet banking. Não se entra lá para fazer pesquisas nem para ver se tem algo interessante. O foco é outro. Consultar algo, pagar uma conta, transferir um dinheiro. Não se consulta uma fatura de cartão de crédito e no final da página está escrito: " Pessoas que consultaram a fatura do cartão também consultaram estes outros itens..."

O importante é que, pensar nestes dois modelos de comportamento durante o desenvolvimento da estratégia do site pode ajudar e muito no desenvolvimento de uma boa experiência de navegação em muitos tipos de site.